São Luiz, Teatro Municipal
A 22 de maio de 1894, os lisboetas acorreram em alvoroço à estreia de um novo teatro. No entanto, a maior parte dos convivas ficou à porta para ver entrar o Rei D. Carlos e a Rainha Dona Amélia, madrinha do novo espaço que, em homenagem a Sua Majestade, tomava o seu nome.
Sala cosmopolita, cujos foyers eram visitados pela sociedade elegante da época, o então D. Amélia era o palco que acolhia companhias estrangeiras e as maiores figuras do Teatro europeu da altura.
Após 1910, com a queda da Monarquia, implantava-se a República e para comemorar o feito o Teatro tomava o nome da nova ordem política. A partir de então e até à década de 30, o Teatro foi o palco de eleição de artistas nacionais, como João e Augusto Rosa, Eduardo Brazão, Rosa Damasceno, Ângela Pinto, Lucinda Simões, Adelina Abranches, Palmira Bastos ou Amélia Rei Colaço. Nessa época, o Teatro descobria o Modernismo pela mão Almada Negreiros declamando com o aplauso de Fernando Pessoa.
Em 1918, o Teatro homenageia aquele que o havia transformado num centro de bom gosto e cultura de referência e passa a nomear-se Teatro de São Luiz. Mais tarde, chega o cinema e os espectadores fogem para os animatógrafos. O Teatro de São Luiz reforma-se para receber a novidade, projetando pela primeira vez, em 1928, o filme Metropolis de Fritz Lang, acompanhado de orquestra. Durante décadas será palco de estreias que fizeram a história da sétima arte. A poesia, pela mão de Villaret, só chega depois dos anos 50.
Em 1971, a Câmara Municipal de Lisboa adquire o Teatro, cujo público começara a escassear, para dar início a uma série de temporadas, apresentadas por uma nova companhia residente, encabeçada por Eunice Muñoz e dirigida por Luiz Francisco Rebelo. Mais tarde, em 1980, Amália regressa a este teatro para que a cidade prestasse homenagem a uma das suas mais ilustres cidadãs.
Desde a sua reabertura a 30 de novembro de 2002, o São Luiz Teatro Municipal afirmou-se de ano para ano como um teatro vivo, fervilhando de público, com centenas de espetáculos por temporada, por vezes em três sessões diárias entre a Sala Principal e o Jardim de inverno.
Na Sala Principal passaram nomes com créditos firmados internacionalmente como Pina Bausch,Terry Jones, Artur Pizarro, Maria João Pires, Ursula Rucker, Nuria Expert, Amparo Rivelles, Luís Tinoco, Edson Cordeiro, Wim Mertens; foram encenados autores como William Shakespeare, José Saramago, David Hare, Federico Garcia Lorca, Sophia de Mello Breyner Andresen, José Luís Peixoto, Gonçalo M.Tavares, interpretados por atores das companhias Cornucópia, Artistas Unidos, Praga, Meridional e O Bando, entre muitos outros; tocaram grandes orquestras como a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra do Algarve, a Orquestra Sinfónica do Porto e a Jovem Orquestra Nacional de Espanha; encantaram os musicais do ciclo Os Grandes Mestres do Musical Americano, divertiu o humor crítico do Portugal, Uma Comédia Musical, revelaram-se novos talentos no musical Cabeças no Ar; cantaram grandes nomes do Fado como Camané, Cristina Branco, Mafalda Arnauth, Kátia Guerreiro, Argentina
Santos, Celeste Rodrigues, Ricardo Ribeiro, Alcindo Carvalho; tocaram nomes incontornáveis do jazz nacional como Carlos Martins, Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Maria João, que têm ajudado a construir a já emblemática Festa do Jazz do São Luiz (que vai na sua 7ª edição); entre muitos outros.
Com características de programação hoje bem definidas, o carismático Jardim de inverno, proporciona um espaço de encontro, de discussão ou de puro entretenimento, revelando-se como um local privilegiado para a apresentação de jovens artistas.
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